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25 de Abril de 2024

Coronavírus e o sistema carcerário: impactos catastróficos para toda a sociedade

Estudiosos alertam que a potencialidade de transmissão do Coronavírus no sistema carcerário brasileiro pode gerar efeitos catastróficos à toda a sociedade.

há 4 anos


Em razão da pandemia pela qual passamos, a relação Coronavírus e o sistema carcerário é uma das pautas que merecem destaque. Isso porque estudiosos já alertaram que, em virtude da superpopulação carcerária, se houver a transmissão do Covid-19 nas cadeias, a situação será ainda mais catastrófica não só dentro do sistema como a toda sociedade.

Isso porque, de acordo com os últimos dados disponibilizados no Levantamento Nacional de Informações Penitenciária (INFOPEN), o total de presos no Brasil no Sistema Penitenciário é de 758.676 pessoas, sendo:

  • 348.371, em regime fechado
  • 126.146, em regime semiaberto
  • 27.069, em regime aberto
  • 256.963, presos provisórios
  • 721, em tratamento ambulatorial
  • 2.406, em medida de segurança

Um sistema que está enfrentando um déficit de 312.125 vagas nesse ano de 2020, e que, muito antes da ocorrência do COVID-19, já lida com risco de morte habitualmente em razão de outras doenças, como sarampo e tuberculose, que são potencializadas pelas condições subumanas dentro do cárcere.

Fonte: Infopen, jun de 2019. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias.

Não podemos nos esquecer que o sistema prisional também é composto por seus funcionários, agentes penitenciários, chefes de Segurança, dentre outros, bem como tem trânsito constante de outros profissionais como oficiais de justiça, advogados, médicos e voluntários, que exercem serviços sociais dentro de presídios. E, claro, as famílias, que, ao realizar visitas, têm contato diretamente com o preso. Ou seja, um grande fluxo de pessoas que em tempos de pandemia provocada pelo Coronavírus colocam em risco pessoas dentro e fora do sistema carcerário.

O alerta da Fiocruz sobre o Coronavírus no sistema carcerário

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já se posicionou quanto sua preocupação da transmissão do Coronavírus no sistema carcerário. A pneumologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcomo destaca que o sistema já enfrenta condições degradantes, as quais fragilizam e põem em risco a saúde dos que estão encarcerados pelo Estado. No entanto, em virtude da pandemia do Coronavírus, se sua propagação ocorrer entre os presos de forma descontrolada, a situação se agravará e será catastrófica.

“Se já é uma catástrofe humana hoje, com uma virose desse grau de transmissibilidade, eu considero uma catástrofe geométrica. Porque a hora que houver transmissão dentro das cadeias não temos dúvidas de que veremos uma situação muito triste, em que o grau de transmissão é muito grande e possivelmente vão morrer pessoas”, adverte a pneumologista, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

As consequências do risco dessa pandemia se alastrar no sistema carcerário brasileiro também foram alertadas pela Pastoral Carcerária, na última sexta-feira, dia 13 de março. Pois, conforme mencionamos, a população carcerária já sofre com doenças graves como a tuberculose, podendo ser trinta vezes maior dentro das prisões, o que ocasiona o aumento da taxa de mortalidade nesse contexto. Ou seja, a população presa é vulnerável, sendo um potencial vetor do Covid-19.

Nesse contexto, a Pastoral Carcerária ressalta que há “falta de ações clínico-epidemiológicas preventivas por parte das autoridades responsáveis pela custódia de presos e presas em todo o Brasil” . E que a superlotação dos cárceres torna pouco eficazes as ações realizadas até o momento, como suspensão de visitas, a limpeza das celas, a distribuição de produtos de limpezas aos presos e as informações fornecidas pelos agentes penitenciários e equipes médicas. São necessárias, mas não dão vazão.

Pedido de redução da população carcerária ao STF

Preocupado com a transmissão do Coronavírus dentro da sistema carcerário, o Instituto de Defesa do Direito de Defesa entrou com uma liminar no Supremo Tribunal Federal, com o intuito de requerer a redução da população prisional e, assim, evitar a disseminação do vírus dentro dos presídios, em razão da alta vulnerabilidade.

De acordo com a liminar, o IDDD requer que sejam beneficiadas pessoas com mais de 60 anos de idades, portadores de HIV, de tuberculose, câncer, doenças respiratórias, cardíacas, imunodepressoras, diabéticos e portadores de outras doenças que acabam aumentando o risco de disseminação. Além de presas gestantes, lactantes e presos acusados de crimes não violentos.

O requerimento também reforça a necessidade de se conceder a liberdade condicional para idosos, bem como regime domiciliar às pessoas presas nos grupos de riscos e a substituição de privação de liberdade por medidas alternativas, como, por exemplo, a prisão domiciliar, aos novos custodiados em flagrante por crimes sem violência ou grave ameça, e às pessoas que se encontram presas provisoriamente.

Por fim, o Instituto pediu pela progressão antecipada para os detentos que estão em regime semiaberto e a progressão de regime àqueles que aguardam pelo exame criminológico.


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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/coronavirus-e-o-sistema-carcerario-impactos-catastroficos-para-toda-a-sociedade/822527905

2 Comentários

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A liberação dos bandidos é algo que eu defino de uma forma bem didática: ideia de jerico. Pobre sociedade brasileira, sempre relegada a segundo plano. Temendo o coronavírus, agora temerão a liberação de prisioneiros. continuar lendo

Os mesmos que defendem a soltura de delinquentes nunca pediram novos e modernos presídios que protegetia tanto os criminosos quanto a Sociedade Honesta.

------------- H i p o c r i s i a ----------- continuar lendo

Pobre sociedade brasileira. Sempre relegada a segundo plano. Não bastasse temer o coronavírus, agora temerão os bandidosvírus nas ruas. Hj mesmo, aqui em Moema, uns futuros membros do sistema carcerário, mataram um gerente de açougue em uma tentativa de assalto. 5h30 da manhã, na hora que esse trabalhador chegava ao estabelecimento para prepará-lo para o dia. E daí, alguns vêm com a 'brilhante' ideia de soltar bandidos para evitar que sejam contaminados com o coronavírus, deflagrando coisa muito pior: o bandidovírus solto e saltitante, com a insegurança das pessoas. continuar lendo